
Remo.
Remo devagar, ele dorme. Remo e respiro tranquilamente, enquanto ele ressona. Jamais senti tamanha paz sobre a água.
Ele não faz idéia, porque dorme. Ponho os olhos no mar e depois nele, olhos no mar, olhos nele. Devagar, enquanto remo.
Ele se vira, resmunga, desperta, me olha, sorri. E volta a dormir. E a ressonar e a me esquecer. Talvez eu não exista nos seus sonhos, mas o resto do mundo desaparece dos meus.
Remo e não há farol que magnetize o meu olhar enquanto ele dorme. Remo na direção do seu olhar, ao qual nunca chego.
Remo e submeto minhas minguadas capacidades físicas ao prazer de embalar seu sono. Descanso enquanto remo. E remo por horas, dias, meses.
Remo.
Imagem: Claude Monet - The Rowing Boat.
4 comentários:
Olá!Me identifiquei com seu blog, sou ligada em mares, talvez por ter nascido durante uma viagem de barco.Ah, também sou amante de cartas.Muito legal.Abraço.
P.S:Gosto muito de sua cidade "a Bahia tem um jeito".Seu mar é espcialíssimo.
Se há forças para remar, o deleite chegará, quando menos for esperado...
Abraço.
Quem sabe o delírio está apenas em conjecturar sua ausência nos sonhos do tripulante.
E você continua escrevendo bem!
Tchau beca!
Faz-se qualquer coisa para fazer feliz a quem se ama. Mesmo que seja remar, para embalar seu sono.
Visualizei a cena e me encantei com ela. Linda cena. Lindas palavras.
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